TEXTO: AGORA EU ENTENDO
Me sinto como o
resultado de uma experiência química que não deu certo. Um erro.
Não a ninguém
para culpar, ás vezes erros acontecem, é normal.
Aliás, não posso
me culpar por ter nascido.
Mas eu nasci
certo? Eu cresci e amadureci, e hoje sou alguém racional o bastante para
entender o que se passa ao meu redor, principalmente em minha casa. Eu entendo
agora. Eu entendo as brigas e discussões.
Quando se é uma
criança brigas, são apenas brigas. Não a motivos para preocupação, porque no
final tudo volta ao normal e você ainda recebe seu beijo de boa noite.
Quando se é uma
criança, você é apenas um observador. E os pais podem impedir que você observe algo
constrangedor ou traumático. A maioria dos pais pelo menos.
Mas há sempre exceções.
Minha família é uma dessas.
E eu observei
tudo, e guardei. Uma criança pode ser em vários momentos irracional, mas
algumas memorias não são esquecidas − memorias que podem ser consideradas
fortes, constrangedoras e traumáticas. Estas memorias são guardadas em algum
lugar de nossa mente, apenas aguardando o momento certo para serem lembradas.
Quando o momento
chega, não a nada que os pais ou qualquer outra pessoa possa fazer. O estrago
já está feito.
Me sinto estragada mentalmente, talvez eu só esteja traumatizada. Sei somente que não
estou bem, há algo de errado comigo. E pode ser qualquer coisa, menos drama.
Não é drama
sentir-se como a razão por trás das brigas, discussões, agressões e separação.
Não sou culpada
pelas brigas, mas certamente sou o motivo. Eu sou o elo que os une. Para sempre.
Não existe ex-filho.
Então palavras
dizendo que sou dramática não mudaram nada em relação aos meus sentimentos e
minhas certezas. Não preciso de ninguém para dizer que é prejudicial para eu
pensar assim, preciso apenas de um abraço.
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